JOÃO-DE-BARRO ENGENHEIRO (Adaptado de André de Carvalho)
Dona Graúna era a professora velha e boazinha que ensinava às avezinhas da floresta a ler, escrever e contar. Tinha os olhos pequenos e óculos enorme por cima do nariz e, quando se zangava, ficava de cara vermelha e agitava as asas.
Acontece que, quase sempre, dona Graúna estava de cara vermelha e agitando as asas, porque todos os seus alunos eram levados da breca. Todos, não. Havia Joãozinho, um pássaro pardo e estudioso, que ficava quieto, prestando atenção à aula, enquanto os outros faziam estripulia.
Dona Graúna elogiava: “Este Joãozinho vai longe... É aluno como os do meu tempo”. E aí ficava falando duas horas de como era no tempo dela.
Enquanto os outros alunos pintavam os nomes nas paredes, saltitavam de carteira em carteira, cochichavam recados, sujavam os móveis e faziam artimanhas, o Joãozinho estudava.
E, quando não estava na aula estudando, quase nunca acompanhava os colegas pelos passeios na floresta. Tinha uma mania esquisita e todos riam dele. Joãozinho gostava de ficar brincando com barro. Ia para a beira dos regatos e ficava amassando barro, bom o bico, fazendo coisas. Um dia, quando o Pintassilguinho o viu brincando, pôs-lhe um apelido gozado: João-de-Barro. Depois disto, todo o mundo na escola passou a chamá-lo assim. Mas Joãozinho não se importava com o apelido e, para dizer bem a verdade até gostava dele.
Uma manhã, saiu de casa com aqueles planos todos e, escolhendo um jenipapeiro bem bonito, começou a trabalhar. Ia ao regato, amassava barro e o trazia no bico, até o galho escolhido, no pé de jenipapo. Seus antigos colegas, como sempre, passaram por ali e riam dele. Achavam muito engraçado aquelas paredes fracas que o Joãozinho estava erguendo, no alto da árvore.
Mas, depois de um mês, ninguém mais ria. Até pelo contrário, todos tinham os olhos arregalados de espanto: Joãozinho havia construído, no alto da árvore, um palacete, com dois andares, portas e tudo. E havia se mudado de um feio ninho de capim – como os de todos os seus amigos – para aquela casinha linda!
Ah! Aí é que foi. Nunca a passarela da floresta teve tanta inveja. Mas o que fazer? Nenhum dos outros passarinhos tinha sido bom estudante e nem tinha conhecimentos e técnica para fazer planos e projetar uma casinha daquelas. E tiveram mesmo de se contentar em continuar vivendo em ninhos de capim.
Até hoje, só João mora em casa de barro sólida e bonita. E é o único pássaro arquiteto da natureza.
VOCABULÁRIO
1. Assinale a expressão que tem o mesmo significado das expressões abaixo:
a) Todos os alunos de dona Graúna eram levados da breca.
( ) eram muito comportados.
( ) eram um pouco bagunceiros
( ) eram muito bagunceiros
b) “...e, para dizer bem a verdade até gostava dele”.
( ) falar francamente
( ) falar com alegria
( ) falar com tristeza
c) Dona Graúna agitava as asas quando se zangava.
( ) fechava as asas
( ) encolhia-se toda
( ) mexia as asas
2. Numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, observando os antônimos:
(Cuidado! Vão sobrar parênteses!)
( 1 ) velha ( ) terminou
( 2 ) estudioso ( ) falavam alto
( 3 ) cochichavam ( ) iniciou
( 4 ) trazia ( ) falavam baixo
( 5 ) começou ( ) vadio
( ) nova
( ) levava
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
1. Leia atentamente o texto.
2. Complete:
O texto é formado de ____ parágrafos. Numere-os.
3. Copie do texto o elogio de Dona Graúna a João-de-Barro.
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4. Numere de 1 a 5, pela ordem dos acontecimentos no texto:
( ) Os pássaros sentem inveja de João-de-Barro.
( ) João-de-Barro inicia a construção de sua casa.
( ) Os pássaros zombam de João-de-Barro.
( ) João-de-Barro passa a morar numa casa de barro.
( ) João-de-Barro dedica-se ao estudo.
5. Numere a 2ª coluna pela 1ª:
( 1 ) Os pássaros sentiram inveja de Joãozinho ( )porque ele era bom aluno.
( 2 ) Dona Graúna elogia Joãozinho ( )quando viram sua casa.
( 3 ) Os outros pássaros brincavam ( )depois que construiu sua nova casa
( 4 ) João-de-Barro deixou o ninho de capim ( ) porque não se interessava
pelos estudos.
Árvore da adição
Há 8 anos